Um desfecho digno a segunda trilogia dos X-Men.
Bryan Singer comanda o último capítulo da segunda trilogia dos mutantes iniciado com X-men: Primeira Classe. A franquia sofreu diversas críticas na época dos 3 primeiros filmes, mas se redimiu com os últimos, principalmente com “Dias de um Futuro Esquecido” que realizou um reset na linha temporal da história. Desbravando território desconhecido, o novo filme fecha a trilogia e prepara terreno para a continuidade da franquia.

O longa traz as telas um dos grandes vilões dos quadrinhos, Apocalipse, considerado o primeiro mutante e um dos mais poderosos. O primeiro ato do filme, além de introduzir os novos personagens, se preocupa em trabalhar as consequências dos acontecimentos apresentados no filme anterior. Ha também uma preocupação em trabalhar as motivações e o emocional das personagens. O segundo e terceiros atos desenvolvem a história em culminam com uma grande batalha.

Como é de se esperar dos filmes dos X-Men, a trama faz um grande apelo a questão da marginalização social e uma crítica a depravação humana. O diferencial de Apocalipse é trazer elementos religiosos, antes poco presentes. Em entrevista ao site IGN, o diretor comentou essas referências ao falar sobre o vilão:
Ele é como o Deus do Velho Testamento, um Deus vingativo que quer o mundo de uma forma determinada, e quer ser adorado – mas ele é também piedoso, de certa forma. E ele é um falso Deus, é como um líder de culto.
Essa discussão da divindade de Apocalipse permeia o longa todo, com referências a várias religiões. Abaixo vou tratar especificamente da referência cristã, se você ainda não viu o filme, pode pular o parágrafo.
A referência ao cristianismo, por exemplo, é jogada a mente do espectador logo nos créditos iniciais com uma imagem de Jesus carregando a cruz. Na grande batalha final, Apocalipse ( o falso deus) é derrotado e golpe final é dado pela Felix. A Fênix é um pássaro da mitologia grega, que, quando morria, entrava em auto-combustão e renascia das próprias cinzas. No contexto cristão, essa ave é um simbolo da ressurreição de Cristo. Ha também uma forte referência a mitologia egípcia, local de origem do vilão da história.
Em termos gerais, o roteiro do filme traz uma trama interessante, apesar de ser um pouco previsível. Entretanto, é capaz de ter uma pegada intimista das personagens com sub-plots e dramas pessoais, um diferencial ao compararmos com os últimos filmes de super-heróis.

Quanto a direção, Bryan Singer comprova novamente que é um diretor que sabe utilizar os enquadramento para destacar pontos do roteiro. A fotografia, o figurino e a produção de arte também merecem destaque, a ambientação nos anos 80 está fantástica. No lançamento do primeiro trailer, muito se criticou sobre o figurino e maquilagem do vilão principal, e realmente, ela se destoa um pouco, é esquisita, mas é algo pode ter sido proposital para reforçar a imagem de que o vilão está fora de sua época, deslocado.

A trilha sonora merece destaque, é empolgante e auxilia a compor as cenas. Foi composta por John Ottman, que trabalhou em Dias de um futuro esquecido. Os efeitos visuais também merecem destaque, bem finalizados e integrados com os elementos reais.

Finalmente vamos falar sobre o elenco. Os atores recorrentes, James McAvoy (Professor Xavier), Michael Fassbender (Magneto), Jennifer Lawrence (Mística) e Nicholas Hoult (Fera), mantem o nível do último filme. Estão de volta também Rose Byrne (Moira), no papel do grande amor de Xavier, e Evan Peters no papel de Mercúrio, repetindo suas façanhas em alta velocidade. As novas adições a equipe são Sophie Turner como a Jean e Tye Sheridan como o Scott Summers. Alexandra Shipp teve a missão preceder Halle Berry no papel de Tempestade e agrada. Do lado dos vilões, Oscar Isaac, o querido Poe Dameron do último Star Wars, traz uma performance sólida de impressionante ao grande vilão, Apocalipse. Em linhas gerais, o elenco não decepciona e ainda entrega os diversos Easter-Eggs que agradam os fãs.

X-Men: Apocalipse é sem dúvidas uma produção que com certeza vai agradar os fãs. É um excelente desfecho a essa segunda trilogia da franquia X-men. A pergunta a ser feita é o que vem a seguir. Com um novo elenco introduzido e pontas deixadas propositalmente soltas, é uma questão de tempo até termos o início de mais uma trilogia do universo dos mutantes.