Tempus fugit é uma expressão latina que pode ser compreendida como ‘o tempo voa’, a primeira vez que a ouvi foi numa aula de literatura no ensino médio, mas desde sempre ela esteve andando e crescendo comigo. Meu pai sempre fez questão de que eu entendesse que a vida é curta e que em raras ocasiões ela permite uma segunda chance, sempre me falou para nunca ir dormir com raiva ou sem me despedir de alguém, já que nunca se sabe se haverá outra possibilidade de rever aquela pessoa. Ou para não dormir muito e sair mais de casa, já que como ele mesmo diz “Sai mais desse quarto, tem um mundo cheio de vida aqui fora e você trancado aí dentro. Deixa para dormir depois, quando morrer, que aí você vai ter tempo de sobra”. Nunca dei muita bola para essa conversa, até assistir Questão de Tempo (About Time). Sabe aquela história de que uma imagem vale mais que mil palavras? Pois é, as 2 horas de belíssimas imagens do filme me fizeram perceber que o meu pai está certo e me colocaram em um momento de reflexão que dura até agora. Bom, eu já falei muito, então vamos ao filme.
Questão de Tempo é uma comédia romântica britânica que conta a história de Tim, um jovem tímido e desengonçado (um protagonista um tanto quanto diferente do que se está habituado nos filmes do gênero) que aos 21 anos é avisado pelo pai que tem a habilidade de viajar no tempo, mais especificamente para o seu passado, assim como os outros membros masculinos da família, podendo assim contar sempre, ou quase sempre, com uma ‘segunda chance’. E a partir de então, passamos a acompanhar a vida de Tim, desde seus embaraços amorosos até a formação de sua família, vendo e aprendendo junto com ele a lidar com os problemas do dia-a-dia.
O longa é escrito e dirigido por Richard Curtis, que também escreveu outros longas de sucesso como Quatro Casamentos e Um Funeral (1994), Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) e Simplesmente Amor (2001), tendo também dirigido este último. A história é bem original, contando com personagens criativos e um tanto quanto naturais, com medos, dúvidas e frustrações, o que faz com que o público se aproxime da história e se identifique cada vez mais com os personagens, mergulhando de cabeça no enredo. A naturalidade passada pelos atores que compõem o núcleo principal do longa, Bill Nighy, Domhnall Gleeson e Rachel McAdams, assim como as boas interpretações do elenco de apoio, Lindsay Duncan, Vanessa Kirby e do falecido Richard Griffiths contribuem ainda mais no processo de empatia do público para com o filme. E o mais bacana, na minha opinião, e o fato de que história não se restringe a abordar o amor entre o casal, vai além, apresenta o amor entre Tim e a sua irmã, e Tim e seu pai, este último cujas cenas são um espetáculo a parte, com atuações emocionantes e uma sinergia invejável entre Bill Nighy e Domhnall Gleeson.
A trilha sonora do filme é espetacular e muito bem sincronizada, contando com nomes como The Killers, Dolly Parton, The Cure, Amy Winehouse, t.A.T.u., Ashanti, Nick Cave e Jimmy Fontana, que junto ao cenário paradisíaco da locação em Cornwall na costa inglesa e ao charme das ruas e prédios de Londres dão um toque diferenciado e um tanto quanto encantador ao filme, fazendo com que você queira cada vez mais entrar na tela e se tornar parte daquele universo.
Bom, navegando na internet e conversando com a minha irmã, que assistiu o filme comigo, notei várias reclamações no que diz respeito a extensa duração da produção (203 minutos), mas tenho que confessar, creio que estou num momento de “In Love” com tudo o que diz respeito à Questão de Tempo, a mensagem, o lugar, as músicas, a Rachel McAdams, as atuações, absolutamente TUDO. Então, ao me ver, o filme não foi longo, achei simplesmente e dosadamente perfeito.
Finalizando…
Como eu disse lá em cima, no primeiro parágrafo, o filme propõe um momento de reflexão muito bacana que pode ser sintetizada nas seguintes frases: a vida não costuma dar uma segunda chance, repare nas pequenas coisas ao seu redor, aprenda a deixar o seu passado para trás e fazer disso uma experiência positiva e aproveite todo e qualquer momento com quem você ama por que eles são únicos.