Filmes e Séries sobre a Primeira Guerra | Parte 3

Dando continuidade ao nosso passeio histórico. Voltamos aos campos de batalha europeus. A sequência de filmes selecionados retratam as guerras de trincheiras, a principal estratégia militar utilizada durante a Primeira guerra mundial.

Os dois primeiros filmes abordam a chamada batalha de verdum. Conflito entre Franceses e Alemães que durou cerca de 10 meses. Mais de 600 mil pessoas morreram próximo à cidade de Verdun, às margens do Rio Meuse, no nordeste da França. O conflito também ficou conhecido pelo uso sistemático de duas armas mais que letais, de terror psicológico, o lança chamas e o gás.

O terceiro filme também aborda os conflitos nas trincheiras, mas já entre as tropas inglesas e alemãs. Com destaque para a batalha de Somme. O conflito, paralelo a Verdum, marcou uma grande ofensiva franco-britânica contra as tropas alemãs. A última produção é canadense e retrata a atuação das tropas canadenses na Batalha de Paschendale, na Bélgica.


Un long dimanche de fiançailles (França – 2004)

O primeiro filme da nossa lista, Eterno Amor, em português, é dirigido por Jean- Pierre Jeunet, o mesmo diretor do aclamado “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”. A produção francesa acompanha a história de Mathilde, noiva de um soldado que foi condenado por automutilação para escapar do serviço militar; que busca descobrir o paradeiro de seu amado.

Por meio de flashbacks somos levados aos campos da batalha de Verdun, durante a primavera de 1916 na França. O noive de Mathilde, Menech, e mais quatro soldados são sentenciados a morte quase certa sendo abandonados na “terra de ninguém”, o espaço entre as trincheiras alemãs e francesas. Seria possível sobreviver a essa sentença? A pergunta permeia todo o filme, a medida que Mathilde desvenda um sistema de corrupção no exército francês usado para lidar com aqueles que tentam escapar da frente de batalha.

Com uma produção impecável e temperado com o humor e a ironia francesa, Eterno Amor é um filme que dá conta dos horrores da guerra e das marcas que ela deixa nos que sobrevivem, mesmo que não tenham ido aos campos de batalha. A jornada de Mathilde consegue ser tão interessante quanto as cenas nos campos de batalha o que confere um ritmo cativante. O elenco inclui figuras conhecidas do público, como Marion Cotillard e Jodie Foster. O filme foi nomeado ao Oscar de melhor Fotografia e melhor Direção de Arte.


3 -All Quiet on the Western Front ( EUA – 1930 e 1978)

Baseado no livro homónimo de Erich Remarque, um veterano alemão da primeira guerra, “Sem Novidade no Front” descreve a luta pela sobrevivência e as consequências da guerra nos soldados alemães. 

Duas adaptações foram feitas, uma em 1930 para o cinema e uma em 1978 para a televisão.  A primeira levou os prêmios de melhor filme e melhor direção na 3ª cerimônia do Óscar, em 1930; já a segunda, levou o Globo de Ouro de melhor filme para tv e o Emmy de melhor edição para uma série limitada ou especial.

As duas produções são muito próximas no que diz respeito a narrativa e acabam se divergindo apenas em detalhes. Além disso, contextualizando-as em suas épocas de produção, apresentam visuais impressionantes. As cenas das batalhas envolvem locações enormes, explosões e muitos figurantes. Os dois filmes são impressionantes.

A história acompanha o jovem Paul Bäumer que se alista para o exército alemão a fim de lutar na I Guerra Mundial. Ele e seus amigos se iludem com o suposto heroísmo de se defender a pátria nos campos de batalha. A medida que vão vivenciando o dia a dia no front, lidam com os dilemas e horrores da guerra e descobrem que não há nada de heroico nos campos de Verdum, a mesma região que é retratada no primeiro filme dessa lista. Inclusive, podemos dizer que “Sem novidade no Front” sucede cronologicamente  “Eterno Amor” sendo situado no verão de 1916.

Confrontando as duas produções, a principal diferença, além da tecnologia de gravação, está na maneira com que os roteiros lidam com as personagens. A adaptação de 1979 desenvolve mais a história das personagens antes da guerra e se constrói como se fosse um relato/diário de Paul Bäumer, fazendo com que tenhamos mais afinidade com os soldados do que na adaptação de 1930. Por esse motivo, acabo por recomendar a segunda versão, até porque acaba sendo mais palatável ao público de hoje.

Por fim, deixo registrado a minha surpresa por ver filmes norte- americanos retratando a humanidade e o horror da guerra pela perspectiva daqueles que perderam o conflito. Fazendo a mensagem anti-guerra ainda mais forte.

As duas produções podem ser assistidas pelo YouTube:

Filme de  1930

https://www.youtube.com/watch?v=VFVs95FC7c4

Filme de 1979


4 – The Trench (Reino Unido – 1999)

De 1999, The Trench conta a história de soldados britânicos nas últimas 48h antes da batalha do Somme, no dia 1 de Julho de 1916. A produção capricha ao retratar as condições das trincheiras da primeira guerra, além de dar um insight interessante aos conflitos vividos pelos soldados, que iam da monotonia a batalha em questão de instantes.

Acompanhamos um pelotão de jovens soldados, liderados pelo sargento Winter (Daniel Craig), que se preparam para um conflito iminente, mas que ainda assim, não possui data definida. A narrativa ainda foca em dois soldados, os irmãos Billy e Eddie. A monotonia da trincheira acaba quando o pelotão é designado a fazer parte da primeira onda de ataque da batalha. Batalha essa que entrará para a história como o maior número de mortes do exército britânico em um único dia. 

A produção e muito bem sucedida em abordar a tensão e o estresse pré-batalha nas trincheiras. Esse trunfo é construído pela ausência de ação, o que pode frustrar o espectador da mesma maneira que os soldados se frustram. No final, o que se tem da batalha são os primeiros passos do pelotão rumo ao exército inimigo, as primeiras mortes. 

Faço questão de registrar aqui a referência explicita que The Trench faz ao filme Gallipoli (1981), citado na segunda parte da lista, em seus últimos minutos. Ambos os filmes congelam a imagem no último suspiro de vida de seus protagonistas, seguindo para um fade to black. A referência estabelece a universalidade das perdas durante a guerra. Cria-se uma relação em que, independente do campo de batalha, vidas foram perdidas, em especial jovens, e talvez esse preço tenha sido caro de mais. 

Última cena de The Trench (esquerda) e Gallipoli (direita)

O filme está disponível para assistir e alugar na internet.


A Primeira Guerra no Cinema

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